domingo, 3 de abril de 2011












O Riso da Saudade (sextina*)

A cálida alvorada já sorri
e teu ser rejubila de vontade
de abraçar essa estrela que se ri
ao ver-te decidida e destemida
no fim desta tão triste e curta vida,
vivida com carinho e com saudade.

No meio da tristeza da saudade
que senti ao lembrar-me que sorri
dos sonhos que aspiravas para a vida...
do modo como impunhas a vontade
às dores que enfrentavas destemida...
soltei as emoções e logo ri.

Mas as lágrimas soltas quando ri,
cintilam com o brilho da saudade
penetrante, tão forte e destemida...
que adubam o silêncio. Pois sorri,
se lutas para impor tua vontade
e decidir o rumo a dar à vida.

Pois esta já tão longa e dura vida
esculpida por alma que se ri
das desditas... da força da vontade,
escorada nos prumos da saudade,
guiada pelo vento que sorri,
é reflexo duma alma destemida.

És guerreira, amazona destemida
pelejando nas páginas da vida,
que é dura, mas por vezes te sorri...
E buscando a verdade que se ri,
sentes o tempo em troca da saudade
esgrimida em defesa da vontade.

Refém deixas de ser desta vontade
que te faz combatente e destemida
e partes, paladina da saudade
que corrói e destrói a própria vida,
em busca do firmamento que se ri
do tempo em que ditoso te sorri.

Se o tempo te sorri, faz-lhe a vontade:
abraça o sol que ri, já destemida,
e vive em pleno a vida sem saudade.

António Castel-Branco
Sintra, 19/02/2007

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